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MORDIDELA

JOSÉ CARLOS MADEIRA

MORDIDELA

JOSÉ CARLOS MADEIRA

À Espera de Godot


O Principe

25.06.12

Pateada do PS no parlamento!

 

Recordei-me de uma história contada por esse grande actor já falecido, Carlos Wallenstein, que tive o prazer enorme de acompanhar e conhecer na estreia de "À Espera de Godot" de Samuel Beckett por uma companhia do Porto.

 

"À Espera de Godot" estreara pela primeira vez em Portugal nos meados do Sec.XX com o famoso Ribeirinho no Teatro D. Maria e surpreendentemente no final parte do público lançou uma forte e sonora pateada....Motivo? Godot não apareceu!..O publico queria Godot...a metáfora de todas as promessas, de todos os anseios, a esperança da mão suprema! Queria o ver materializado num actor, numa entidade física e concreta à falta da capacidade de sonhar e do desenvolvimento intelectual da época!

 

Assim vai Portugal perpetuamente à espera do seu Godot... e o PS e todos os outros á procura do seu!...Tanto a pateada como a intervenção que lhe deu origem são exemplos da discussão politica no hemiciclo da nossa democracia. A qualidade é hoje uma exigência nas empresas e sociedades modernas que se querem competitivas,dinâmicas e prontas a dar uma resposta às necessidades dos mercados e dos povos.

 

O nosso parlamento deveria ser o exemplo, de qualidade humana e intelectual, capaz de debater com seriedade os nossos problemas e encontrar os melhores caminhos comuns para toda uma nação actualmente depressiva, pobre e doente! Quando assisto a um debate como o de hoje deixo-me ficar por este caminho à espera de "Godot", que poderá ser também D. Sebastião - quer venha ou não - e cheguem as manhãs de sol porque nas de nevoeiro desde tempos idos cómoda e silenciosamente nos escondemos do absurdo - nem de propósito citado Samuel Beckett o grande mestre do Teatro do Absurdo.

 

José Carlos Madeira

A FUTILIDADE DA MALEDICÊNCIA


O Principe

09.06.12

Depois do "Século das Luzes", do "Século da Tecnologia e da Ciência" uns quantos preconizaram que este seria o Século da Espiritualidade...não seja Paulo Coelho o escritor mais vendido do mundo!

A compra no segmento de livros espirituais e de auto-ajuda subiu exponencialmente desde o ano dois mil, não se compreendendo como muitos dos seus consumidores continuam a viver preocupados com a casa do vizinho enquanto a sua pega fogo! Insensato e e ignorante modo de vida que demonstra a frustração e a incapacidade de realização individual e colectiva, consumindo energias com a futilidade e nada construindo. É assim com os povos, com o nosso vizinho, os parceiros de negócios mas muito pior quando está enraizado na instituição que determinados pudicos chamam de família funcional.

 

Funcional é tudo menos um jovem desenvolver-se com pais a se agredirem, maltratando-se na sua presença, displicentes às suas necessidades apenas vivendo debaixo do mesmo tecto. Hoje uma família é mais do que laços de sangue, mais que a ostentação de uma casa ou de uma vida financeira e social para o outro ver. Quem assim age não evoluiu, não se adaptou mas acobardou-se no seu falso "porto-seguro" temendo ser ultrapassado e de tanto medo e cobardia sem se a perceber irremediavelmente já o foi!

 

Diz-nos a velha história: ser moderno não é deitar abaixo o prédio de dez andares que o vizinho do lado ergueu legalmente, com dedicação e muito trabalho mas construir também o seu, aproveitando a melhor tecnologia, inovando, desenvolvendo o melhor design e integrando-o no espaço comum. Parece-lhes confuso e difícil mas é tão fácil! Basta não perdermos tempo com a inveja, o ciúme, a guerra, a futilidade e a maledicência.

 

José Carlos Madeira

Os horizontes querem-se prolongados, largos com luz e cor


O Principe

03.06.12

Como é fácil de verificar tenho andado ausente deste blogue, como dizem alguns amigos com as "mordidelas" por escrito em suspenso! Não por vontade de as dar mas por falta de tempo e espaço numa vida preenchida e que durante o último ano me ocuparam outras tarefas. Não sei se mais sadias do que esta de escrever mas importantes para a sobrevivência de uma família num país mirrado, cinzento, triste e desmotivado, sentados á beira-mar resignados observando um horizonte demasiado curto, estreito e cinzento - os horizontes querem-se prolongados, largos, com luz e cor. Neste tempo de ausência passou por este país um vendaval carregado de "previstos imprevistos". Caiu sem redenção um governo, não se cumpriram promessas de programas eleitorais, esconderam-se realidades, adiou-se um país com decisões por tomar, os lobbies continuaram o seu caminho de enraizamento na estruturas do estado, criou-se e se propagou uma nova realidade institucional chamadas PPP's (Parcerias Publico-Privadas) que se multiplicaram como os cogumelos, pequenos e grandes escândalos, pedimos pela terceira vez na nossa vida democrática de 38 anos ajuda a terceiros para os problemas que criámos e nos criaram, surgiu a Troika com os senhores tecnocratas e os já nossos conhecidos do FMI. Surgiram eleições, novas promessas dos mesmos e dos outros, um novo governo, novas-velhas, uma nova maioria, o regresso de outros lobbies e personagens, e a triste imagem da tentativa de sobrevivência dos anteriores! Compenetrados e castrados á ajuda dos outros, a palavra Troika entrou no quotidiano de todos como uma marca de refrigerante azedo ou nome de telenovela de horário nobre com um mau enredo de vilões de fraca esperteza, virgens púdicas e outras personagens entediantes, sem que a maioria entenda quem a compõe, quem são e porque vêm. E de facto perante a necessidade de sobreviver porquê nos importarmos com a semântica senão há centeio e milho na mesa? Esclareço os mais incautos que das linhas acima não se entenda que sou contra á inevitabilidade circunstancial do pedido de ajuda externa, porque não é desonra pedir auxilio e quem pede tem a liberdade de aceitar ou rejeitar as contrapartidas de quem dá! Sou é contra o sentimento redutor que a vida de um país se governa navegando á vista, penalizando estas e as próximas gerações, com tecnocratas bem engomadinhos e sorumbáticos compenetrados como um aluno marrão desajeitado sempre de dedo no ar a mostrar a sapiência que não tem, que todos conhecemos nas carteiras da escola, que de tão alheado nunca conheceu o gosto de uma futebolada à chuva, o gosta das pingas na cara, o sabor infantil do primeiro beijo, o delírio de molhar os pés nas poças de inverno. Que neste país que vos escrevo haja Poetas, músicos, pintores, artistas de circo que nos preencham a alma e a imaginação que resta da amargurada realidade que nos é servida. Apetece-me dizer: venha a Arte e nos exalte – e repetir os versos do poeta “…Mais que isto / É Jesus Cristo / Que não sabia nada de finanças / Nem consta que tivesse biblioteca…” - Se hoje as tivesse escrito e publicado haveria uns quantos intelectuais funcionários zelosos do sistema a acusá-lo de incentivo à iliteracia, ao absentismo escolar, á ignorância, até onde a imaginação limitada de um obediente e subserviente burocrata atinge. De tanto que se passou seria melodramático, enfático, soturno, sonolento fazer uma longa crónica a este tempo, porque como digo em outros lugares a mesma água não desce duas vezes o mesmo rio e depois de o descer para quê o tornar a subir se já se conhecem a as suas margens quando chegados à sua foz tem-se tanto mar para navegar! Alguns, poucos, na nossa história tiveram essa visão, se assim não fosse não teríamos a possibilidade de hoje repetirmos exaustivamente numa melancolia que mata e corrói devagar o verso do Bom Poeta que houve tempos "...que demos novos mundos ao mundo"! Por esta razão decidi-me por “mordidelas” nas margens de águas presentes ou recentes. 

 

 

José Carlos Madeira

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